Sofia Marchetti

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Não sei o que me dá. Às vezes entre eu e você bate esse ar fresco, esse ar enferrujado.

É bom ler o texto ouvindo a música. Eu acordo, escovo os dentes, jogo videogame, tomo banho. Estudo muito, vou pra festa junina, como, volto, estudo. E uma hora paro. Paro pra pensar em alguém, em algo, em algum dia. Pra pensar que o trabalho nunca acaba, que o fim de semana tá aí mas tenho coisa pra fazer, que tem gente que eu gosta muito mas não tá nem aí, pra pensar que faz meses que não brinco com quem quer que seja, pra ver que a casa precisa ser limpa, mas não tenho tempo nem pra limpar a minha alma. De repente uma musica começa, e acaba. E nem quando paro, paro.

   Hoje quero escrever meu sonho. Não o que tive, mas o que terei. É um sonho bonito, onde estou em minha casa de panelas grandes, junto a meus pais e meu irmão. Há um cheiro bom de comida, e estamos esperando debaixo do sol, vendo as nuvens passar.

  Descoberta, sem música, fundo cinza, liga pontos em sardas e pintas. Sem contato visual. Mostra de expressões. Câmera lenta, um abraço e talvez um sorriso, um torcer de nariz. Sempre duas pessoas na cena.

Ainda sinto cheiro de peixe vindo do mar. Ainda não me acostumei com essa beleza. E quem saiba nunca me acostume. Seria bom.